sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Um dia a gente aprende que... (shakespeare)

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.E você aprende que amar não significa apoiar-se, que companhia nem sempre significa segurança, e começa a aprender que beijos não são contratos, e que presentes não são promessas.Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança; aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo, e aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferí-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.Aprende que falar pode aliviar dores emocionais, e descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida; aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida, e que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que eles mudam; percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos.Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.Começa a aprender que não se deve compará-los com os outros, mas com o melhor que pode ser.Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.Aprende que não importa onde já chegou, mas onde se está indo, mas se você não sabe para onde está indo qualquer lugar serve.Aprende que ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se; aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou; aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha; aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens; poucas coisas são tão humilhantes... e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.Aprende que quando se está com raiva se tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém; algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, plante seu jardim e decore sua alma ao invés de esperar que alguém lhe traga flores, e você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.Descobre que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.

Ao Forte de Copacabana


Das areias de Copacabana
eu pude de longe lhe contemplar
mesmo sem nunca lhe ter visto antes
sabia o fascício que você exercia sobre mim

Não fui até você
Por medo...
Medo de mim. Medo da vida...
O grande medo,
mais letal que todas as balas perdidas do Rio...
O tal medo de viver!!!

Mas tenho minhas razões...
Acaso não assiste aos jornais?
Não sabe como está perigoso o Rio?

É mesmo dificil de acreditar,
Que tanta beleza possa conviver
tão harmoniosamente
com tanta violência
Ali mesmo na praia...

Eu tive muito medo!

Mas se é verdade o que dizem...
Espero que da próxima vez,
A montanha venha até Maomé

E eu possa realmente te descobrir
como outros ja fizeram
e revelar a sua beleza
sem medo de mim, de você,
do Rio, ou seja lá o que for.

Leminsk

pariso

novayorquizo

moscoviteio

sem sair do bar



só não levanto e vou embora

porque tem países

que eu nem chego a madagascar



(LEMINSKI)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O que é a poesia?

A poesia é a arte de escrever "merda".

O que torna um poeta reconhecido ou não é a capacidade de fazer com que esta "merda" seja percebida pelos outros.

Este processo é totalmente endógeno....tudo acontece da cabeça para dentro.

A poesia tem o poder de transformar o feio em bonito, o profano em sagrado, o imoral em moral (e vice versa).

Exponho abaixo os meus exemplos:

"...perceber é conceber águas de pensamentos
sou a criatura do que vejo..." (Marisa Monte)


Merda e ouro (Leminski)

Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.

Cagam ricos, cagam pobres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada.


Escrevo porque quero encontrar gente que tenha pontos de vistas parecidos com o meu. Porque como já disse Oscar Wilde: “o que une as pessoas, seja no casamento ou na amizade, é o interesse comum ”. Assim, serei eternamente grato às pessoas que se aproximarem de mim através da minha obra, porque isso, felizmente, é o que tenho de mais valioso a oferecer a elas.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Panis et Circenses (YOU’RE IN THE PSYCHO CIRCUS AND I SAY: “WELCOME TO THE SHOW!!!)

Sempre que eu ouvia esta música, ficava intrigado com o título “PANIS ET CIRCENSES”. Como a escolhi para minha apresentação no orkut hoje, decidi investigar o tal título e, eis as minhas surpresas...

Para começar, a sua letra é uma parceria de Caetano Veloso e Gilberto Gil, dois nomes que não precisam de apresentação e que irão aparecer muito nos meus textos.

Depois, tem a interpretação na voz da Marisa Monte ...Simplesmente Fenomenal! ( Se você ainda não ouviu o CD Barulhinho Bom....Corra! Você já perdeu muito tempo!

E pra terminar, eis a maior de todas as surpresas...

Minha investigação me apontou para o blog: http://panis-et-circenses.blogspot.com , escrito pela paulistana Cíntia, que além de resolver a minha “dúvida cruel”, ainda me mostrou muita coisa interessante.

Ao contrário do que eu imaginava, o tal título não é algo do tipo “Pânico no Circo”, idéia que veio do meu mal hábito de “aportuguezar” a expressão. Sua tradução, do latim, seria “PÃO E CIRCO”, máxima romana cuja ideologia é “COMIDA E DIVERSÃO”. Esta idéia surgiu, há muito tempo atrás, para ser usada como instrumento para manipular e manter o povo submisso.

Mas esta idéia ainda me parece muito atual, não é mesmo?

Então o Caetano e o Gil quiseram mostrar que esta ideologia ainda não está fora de contexto na nossa sociedade e eu concordo plenamente com eles.

Agora percebo claramente o porquê “as pessoas da sala de jantar estão tão preocupadas em nascer e morrer”.

Moral da História:
Minha atitude serviu para mostrar que, muitas vezes, quando resolvemos deixar a preguiça de lado e nos aventuramos na solução de algumas questões que nos afligem, podemos nos surpreender muito.

Para pensar:
Você tem passado muito tempo na sala de jantar?

Grande abraço a todos.

sábado, 8 de setembro de 2007

Língua

Adoro Línguas!
Todo mundo que me conhece sabe disso e agradeço a Deus pelo fato de estar sempre preparado para aprender novos idiomas. ( Talvez isso tenha a ver com o pirmeiro livro que recordo ter lido na minha infância - MARCELO MARMELO MARTELO....Sei la, melhor deixar essas teorias para os psiquiatras, psicólogos ou seja ou quem quisier estudá-las). Sei que isto é uma característica que me deixa muito feliz.

Acho que quando dominamos bem uma língua, podemos fazer dela muitas ferramentas. A que mais me atrai, é o gizado que se pode ser feito com a lógica que pode até vir a ser totalmente ilógica aos olhos da pessoa que está lendo/ouvindo.

Por isso gosto tanto de músicas das quais nem tenho idéia da letra, elas me parecem muito mais trancendentais. Desta forma estou em desacordo com os q prezam apenas as músicas com textos escritos em Português.

Tenho orgulho de ser brasileiro mas sei q minhas idéias vão longe.

Até o momento estou falando bem o Português e o Inglês, mas ja decidi a voltar a estudar o com mais afinco o Alemão ( Caetano Veloso falou "só eh possível filosofar em Alemão"....rrsrr). Estou inpetrando a idéia de estudar tbm o Esperando, idéia de um amigo e conterâneo que me deu dicas interessantíssimas sobre tal idioma.

Espero que eu consiga por meus planos em prática em breve e falar muitas línguas.


Pra terminar, deixo o gizado feito por Caetano Veloso que me faz rir bastante quando penso nas potencialidades de uma língua.....


Abraço.

Poeta Mudo



Música: Língua (Caetano Veloso)

(A)
Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E um profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
E quem há de negar que esta lhe é superior
E deixa os portugais morrerem à míngua
Minha pátria é minha língua
Fala Mangueira
Fala!
E --
S D A7
T Flor do Lácio Sambódromo
R D B7
I Lusamérica latim em pó
B E7
I O que quer
L o que pode
H Eb7/9
O Esta língua
(3X)--
(A)
Vamos atentar para a sintaxe paulista
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas
Cadê? Sejamos imperialistas
Vamos na velô da dicção choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Hollanda nos resgate
E Xeque-mate, explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Sejamos o lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em Ã
De coisa como rã e ímã...
Nomes de nomes como Scarlet Moon Chevalier
Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé, Maria da Fé
Arrigo Barnabé
ESTRIBILHO
(A)
Incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível
Filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o recôncavo, e o recôncavo, e o recôncavo
Meu medo!
3--
V (A)
EA língua é minha Pátria
ZE eu não tenho Pátria: tenho mátria
EEu quero frátria
S--
(C/A G/A D/A D A)
Poesia concreta e prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
Será que ele está no Pão de Açúcar
Tá craude brô, você e tu lhe amo
Qué que'u faço, nego?
Bote ligeiro
Nós canto falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem,que falem.

A REINVENÇÃO DO AMOR (Poeta Mudo)

"Amor não é fogo que arde sem se ver

Não é ferida que dói e não se sente

Não é um contentamento descontente..."



Reinventaram o amor....

Agora ele está na novela das 6, das 7 e das 8.

Reinventaram e patentearam a fórmula...



Agora só eles sabem como reproduzir o amor:

O amor feito em laboratório,
Estrategicamente criado,
Com fins lucrativos,
"The minute maid love!"

Rentável,
Fácil de digerir...
(difícil de encontrar?)

Ferramenta essencial para uma sociedade globalizada,
Que não tem tempo a perder porque corre,
na velocidade da fibra óptica,
para não sei onde.

Conhecem o tal BBB?

Pois lá eles fabricam e vendem este novo amor!

E todos nós amamos,
o amor dos outros.
E sofremos, torcemos e votamos,
pela internet ou celular,
para que este tal amor vença no final

E para nosso conforto,
O amor sempre vence no final!
Porque sempre foi assim desde sempre, não é?
Então ficamos aliviados e alimentados de amor.... até a próxima temporada.

Ai meu Deus! ... E esta dúvida que insiste na minha cabeça: "amor é substântivo abstrato concreto ou substântivo concreto abstrato?"

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Carta a meu amigo Bean...

Caro Bean,

Há alguns dias nos conhecemos e confesso que me surpreendi muito com a sua pessoa. Dado o meu grande interesse pelos seres humanos, desde então procurei uma aproximação pois você se mostrou muito peculiar e eu, como cientista ou poeta que sou (talvez um pouco dos dois) tenho sentido falta dos nossos papos nesses últimos dias e por isso resolvi lhe escrever este email que, como você me disse sobre seu livro, que eu espero que seja lançado em breve, pode ser considerado um email de auto-ajuda ou mesmo, sem desejar ser muito pretensioso, ser interpretado pelo ponto de vista da poesia como um poema...dada a inspiração que me motivou a escrevê-lo. Peço para que se esforce e leia todo o conteúdo deste email e tente entender o máximo possível do que eu estou tentando lhe falar. Tentarei ser o mais claro possível e se você não entender alguma parte, peço para que releia todo o texto e reflita sobre tudo o que eu lhe disse nos nossos breves encontros.

Sei que você almeja a poesia e pretende usá-la como instrumento para dar sua contribuição aos outros seres e acho isso muito nobre de sua parte. Também sei que os valores abordados nas suas obras não representam nenhuma contribuição para a ciência pois se tratam de assuntos triviais que vêem sendo discutidos desde os primórdios da humanidade. Mesmo assim, admiro sua coragem em falar destes assuntos que, ao que também me parece, andam meio esquecidos entre nós. Por isso estou muito curioso para ler seu livro...gostaria de lhe entender melhor através dele e ver se o que você clama nele pode ser humanamente alcançado por outros ( considero aqui que você já tenha alcançado tal nível e tenha a intenção de fazer com que outros também o alcancem, por isso insisto para que você me o envie o quanto antes possível).

Quanto às poesias...ainda não conheço nenhuma de sua autoria, mas como lhe disse, sou um enorme apreciador desta arte. Peço desculpas novamente se lhe magoei ao dizer, quando lhe perguntei se você gostava da obra de Carlos Drummond de Andrade e você respondeu que não o conhecia, que isso era uma heresia. Na verdade, eu só queria lhe mostrar o quanto eu admiro a obra deste que é, para mim, o maior poeta da nossa língua.

Não chegamos a discutir sobre isso, mas para mim, os grandes poetas são seres de extrema sensibilidade e procuram entender, como ninguém, a natureza humana, seus sofrimentos e angústias e também suas alegrias, é claro. Acredito que por isso estes seres são tão vulneráveis e fazem da dor e angústia alheia, sua própria dor. Foi por acreditar não possuir tal sensibilidade que eu lhe disse não ser também um poeta, lembra? Sempre tive muito medo de produzir algo que seja tachado de “artsy-fartsy”. Para mim, um grande poeta saberia reconhecer que um beijo, mesmo que telepático, é na sua essência um beijo e ficaria com o rosto enrubescido diante de tal ousadia. Acho que a poesia não pode ser vista como profissão pois não se aprende a sentir o sentimento dos outros, essa é uma característica intrínseca dos grandes poetas e é exatamente isso que os tornam tão magníficos. Para nós, pobres mortais, resta-nos apenas tentar captar essa essência ou sintetizá-la de alguma forma a fim de que possamos produzir algo que mereça a denominação de poesia, mesmo que esta tenha que vir seguida da palavra amadora para alertar ao leitor sobre a pobre condição do autor.

É por isso que considero de extrema importância a leitura dos grandes nomes, não somente da poesia, mas também das outras formas de artes que expressam os sentimentos humanos como música, romances, pinturas etc. porque tenho certeza que isso irá enriquecer sua obra e você, como o poeta que se denomina, irá se deleitar nesta atividade. Deixo aqui, minha humilde sugestão para que você comece por Carlos Drummnond de Andrade. Ficarei muito grato se, ao se deliciar com um de seus poemas, você se lembrar que foi minha a sugestão.

Lembro de você me dizer também que adora viver no “mundo da lua” e que passa o tempo todo pensando e usando o seu celular para anotar estes pensamentos. Tenho outra sugestão para lhe dar com relação a isso pois, este fato me lembrou um desenho animado que eu costumava apreciar na minha nem assim tão remota infância. Creio que você nem vá se lembrar pois acredito que tenha se dedicado a outros entretenimentos na sua infância, ainda mais breve que a minha.

Trata-se da história do pequeno príncipe, um menino adorável que habitava sozinho um planeta vizinho ao nosso e que, por vezes, pegava carona na calda de um cometa e vinha nos visitar. Durante estas visitas, ele aprendia muito sobre nós e deixava também suas preciosas lições para que nos tornássemos melhores a cada dia. Pois bem, espero que você aprenda com este pequeno ser e, sempre que possível, pegue carona com o primeiro cometa que passar e venha nos fazer uma visita. Quanto às anotações no celular, creio que você poderá se dedicar menos a elas e talvez assim, captar aqueles preciosos momentos que nos inspiram e nos levam a sentir toda a plenitude da nossa maravilhosa existência como humanos. Digo isso porque acredito que para um poeta, mais importante que escrever, é sentir...e nós sabemos bem que nenhum sentimento pode ser traduzido em palavras com real precisão. A poesia também tem seus limites.

Espero que entenda, com carinho, as críticas que lhe faço e perceba que minha intenção é, sobretudo, de enriquecer sua obra.

Confesso aqui que nossos breves encontros me marcaram e eu desejo sinceramente que eles também tenham te marcado. Não me refiro aqui às marcas de mordidas que você me mostrou no seu corpo, fruto de uma tentativa de assalto ou seja lá o que for. Lamento que este desafortunado encontro que você teve com este michê tenha lhe custado a bicicleta e, graças a sua corajosa reação, não veio a lhe custar também o celular. Não se preocupe porque estas marcas de mordida sumirão. Já as marcas a que antes me referia, estas ficarão. Devo também aqui lhe agradecer por elas, pois tenho certeza que me ajudarão a me tornar uma pessoa melhor.

Espero que você consiga outra bicicleta em breve e que tenha mais sucesso nos seus próximos passeios.

Também me lembro que você me contou este caso no dia em que eu estava lhe levando até sua casa e me recordo que você ficou extremamente abalado ao ver esta criatura. Confesso que neste dia, também cheguei a odiá-lo, mesmo sem conhecê-lo, porque percebi que ele tinha lhe causado tanto mal. Mas também devo lhe confessar que, ao pensar neste assunto hoje, fico muito feliz....sei que naquele dia você também ficou pois eu estava do seu lado.


Me despeço aqui, reafirmando que continuo esperando a sua obra para que eu também possa apreciá-la e aprender com ela...assim com eu aprendi com você. E, caso queira uma análise crítica sobre o seu trabalho, terei o maior prazer em fazê-la, com a mesma sinceridade que sempre despendi a sua pessoa.

Peço para que faça isso, de preferência, antes de publicá-la porque gostaria de ver nela, algo que você tenha aprendido comigo. Mas não tenha pressa...ficarei esperando o momento em que você se julgará preparado. Não sei por quanto tempo estarei em sua cidade, por isso lhe escrevo do meu email pessoal. Com ele você poderá me encontrar, independente do dia e do lugar onde eu estiver, e quando o seu email chegar, prometo dedicar uma excelente hora do dia para apreciá-lo e ficarei muito honrado em poder dizer aos meus amigos que conheci pessoalmente o autor de tal obra de arte.

Caso resolva não me enviá-la, ficarei mesmo assim aguardando sua obra editada e publicada e, ao visitar uma destas belíssimas livrarias que existem aqui ou em qualquer outro lugar, lembrarei com louvor da sua pessoa e meu orgulho se fará ainda maior.

Por fim, deixo um poema de minha autoria. O primeiro e até o momento, único. Só o escrevi porque sinto ter me ocorrido a inspiração para isso. Sinta-se livre para criticá-lo. Você é a pessoa mais indicada para isso. Também mando um dos poemas que mais gosto, de autoria do meu ídolo, Carlos Drummond de Andrade. Assim como nossos encontros me serviram de "start up", espero que algum deles lhe sirva para aguçar em você esta incrível sensação que também percebo agora.

Do seu amigo,

Poeta Mudo.

Praça dos Horrores (amador)

Caminhando pela praça dos horrores,
Seguindo pela rua das desilusões, eu lhe avistei
Parecia uma lua a reluzir sobre todas as criaturas do pântano
E fui então enfeitiçado por este astro em forma humana

Sabia o quanto era improvável este encantamento
E por vezes me julguei inferior
Queria ser astro,
Queria brilhar sobre os seres
Que habitam este universo

Mas a realidade se apressou
E me mostrou que só existe uma lua,
Alva e a brilhar no céu

Então o dia veio,
E trouxe com ele suas revelações
E eu revelei a minha mentira
E graças a ela descobri a sua falsa verdade
E pude perceber com horror
A lama também existente em seu rosto

A mesma lama que existe
Em todas as criaturas que habitam o pântano
Da praça dos horrores.

Amar – Carlos Drummond de Andrade

Que pode uma criatura senão,
Senão entre criaturas, amar?
Amar e esquecer,
Amar e esquecer
Amar e malamar,
Amar, desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto o ser amoroso
Sozinho, em rotação universal, senão
Rodar também, e amar?
Amar o que o mar traz a praia,
O que ele sepulta, e o que na brisa marinha
É sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
O que é entrega ou adoração expectante,
E amar o inóspito, o áspero,
Um vaso sem flor, um chão de ferro,
E o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
Distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
Doação ilimitada a uma completa ingratidão,
E na concha vazia do amor a procura medrosa,
Paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
Amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.